A campanha de vacinação contra a gripe, este ano, teve início a 28 de setembro. De acordo com o que foi anunciado pela diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, na fase inicial estarão disponíveis 350 mil vacinas, a aplicar prioritariamente a “residentes em lares de idosos, profissionais de saúde, profissionais do setor social que prestam cuidados e grávidas”, porque “estão entre os setores mais vulneráveis”, explicou a responsável da Direção-Geral da Saúde (DGS).

A segunda fase da vacinação começará a 19 de outubro e incluirá “outros grupos alvo abrangidos pela vacinação gratuita, incluindo os cidadãos com idade igual ou superior a 65 anos”, indica a norma da DGS, de 25 de setembro.

A gripe é uma doença contagiosa e, regra geral, cura-se espontaneamente. Mas podem ocorrer complicações, particularmente em pessoas com doenças crónicas ou com 65 ou mais anos.

Quem tem direito a vacina gratuita?

Algumas pessoas têm direito à vacina da gripe gratuita, no Serviço Nacional de Saúde. Este ano, devido à pandemia de covid-19, foram incluídos neste grupo “os profissionais que trabalham em contextos com maior risco de ocorrência de surtos e/ou de maior susceptibilidade e vulnerabilidade”. Assim, beneficiam da vacina gratuita:

  • cidadãos com 65 anos ou mais;
  • grávidas;
  • residentes ou internados em instituições, como estruturas residenciais para pessoas idosas, lares de apoio, lares residenciais e centros de acolhimento temporário. Crianças (a partir dos 6 meses) e adolescentes com doenças crónicas que permaneçam também em instituições;
  • doentes integrados na rede de cuidados continuados, doentes que aguardam transplante ou a fazer quimioterapia;
  • pessoas apoiadas no domicílio pelos Serviços de Apoio Domiciliário com acordo de cooperação com a Segurança Social ou Misericórdias Portuguesas e pelas equipas de enfermagem das unidades funcionais prestadoras de cuidados de saúde ou com apoio domiciliário dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS);
  • doentes internados em unidades do Serviço Nacional de Saúde que apresentem patologias crónicas e condições para as quais se recomenda a vacina;
  • profissionais de saúde do SNS, incluindo estudantes em estágios clínicos, e de instituições prestadoras de cuidados;
  • guardas prisionais e reclusos;
  • portadores de trissomia 21, diabetes mellitus, fibrose quística, défice de alfa-1 antitripsina sob terapêutica de substituição, doença pulmonar obstrutiva crónica, patologia do interstício pulmonar sob terapêutica imunosupressora, doença crónica com comprometimento da função respiratória, da eliminação de secreções ou com risco aumentado de aspiração de secreções; e imunodeprimidos, como os portadores VIH e quem está a fazer alguns tipos de quimioterapia ou terapêuticas com fármacos biológicos;
  • pessoas submetidas a um transplante ou que aguardam pelo mesmo;
  • pessoas que fazem diálise;
  • bombeiros que estejam em contacto direto com grupos para os quais a vacinação é recomendada.

As vacinas gratuitas são maioritariamente administradas nos centros de saúde. Este ano, de acordo com informação do Portal da Ordem dos Farmacêuticos, também as farmácias irão aplicar vacinas do Serviço Nacional de Saúde (cerca de 10%), ao abrigo do programa “Vacinação SNS Local”. Destinam-se a pessoas com 65 anos ou mais, que não terão de despender qualquer valor, ou seja, recebem a vacina nas mesmas condições em que a receberiam no centro de saúde.

Quem mais se deve vacinar?

Além dos grupos com direito a vacina gratuita, a Direção-Geral da Saúde recomenda fortemente a vacina para:

  • pessoas entre os 60 e os 64 anos;
  • pessoal dos serviços de saúde (públicos e privados) e de outros serviços prestadores de cuidados;
  • pessoas que vivam ou trabalhem com bebés com menos de 6 meses (estes não podem ser vacinados) que tenham risco elevado de complicações;
  • pessoal de infantários, creches e equiparados;
  • profissionais dos estabelecimentos prisionais.

Por que razão é preciso repetir a vacinação todos os anos?

A vacina da gripe é constituída por vírus inativos que provocam a produção de anticorpos, uma reação normal do sistema imunitário de pessoas saudáveis, para tentar eliminar um “invasor” causador de doença. Em caso de ataque posterior por germes patogénicos ativos, as nossas defesas reconhecem o “inimigo” e neutralizam-no.

Para se proteger da gripe, deve vacinar-se todos os anos, pois o vírus muda com facilidade de um ano para o outro. A vacinação anterior não garante defesas, sobretudo se sofrer o ataque de uma nova estirpe do vírus. Da mesma forma, se teve gripe no ano passado, não está imune a uma nova gripe. Por isso, a composição da vacina contra a gripe é revista anualmente.

A Organização Mundial da Saúde monitoriza uma rede de vigilância ao nível mundial, que segue a atividade gripal e observa a evolução dos vírus. Com base nas conclusões, define a composição anual da vacina.

Estas vacinas  são seguras e eficazes. Como qualquer outro fármaco podem produzir reações adversas, mas são localizadas e transitórias: dor, vermelhidão e ligeiro inchaço no local da picada são as principais. Também podem causar dores de cabeça e febre. Estes problemas desaparecem passado pouco tempo.

Qual a melhor altura para se vacinar?

Pode vacinar-se durante o outono e o inverno, de preferência até dezembro. Contudo, o ideal será fazê-lo o mais cedo possível, antes do início da ofensiva da gripe.

E se não tiver direito a vacina gratuita?

A vacina também estará disponível nas farmácias comunitárias, com prescrição médica, custando 6,84 euros, para utentes do regime geral (37% de comparticipação), ou 5,21 euros, no caso do regime especial para pensionistas.

A receita médica emitida a partir de 1 de julho de 2020, na qual seja prescrita, exclusivamente, a vacina contra a gripe,  tem validade até 31 de dezembro de 2020.

O risco de contrair gripe fica completamente excluído?

Pode contrair gripe por vírus de estirpes menos comuns, não previstas na vacina do ano. Doenças provocadas por outros vírus que não o da gripe também podem manifestar-se por sintomas semelhantes aos da gripe.

Mesmo contra a gripe, a vacina não oferece uma garantia absoluta. É possível que a composição seja inadequada se surgir uma estirpe diferente do previsto. A vacinação pode fornecer uma boa proteção num ano, mas ser menos eficaz no ano seguinte.

Para a vacina ser eficaz, o sistema imunitário tem de responder corretamente e o organismo deve produzir anticorpos suficientes, o que pode ser difícil no caso dos idosos. Embora a vacinação seja claramente recomendada para aquele grupo, a vacina pode ser menos eficaz, sobretudo se o seu estado de saúde já está debilitado.

Mais do que prevenir a gripe, a vacina para os grupos de risco pretende evitar complicações potencialmente fatais.

Como prevenir a gripe?

A par da toma da vacina contra a gripe, a Direção-Geral da Saúde recomenda algumas medidas simples para prevenir o contágio:

  • manter o conforto térmico, ou seja, agasalhar-se de acordo com a temperatura ambiente;
  • assegurar a higiene das mãos;
  • seguir uma alimentação saudável;
  • manter algum distanciamento social e seguir as regras da etiqueta respiratória (como, por exemplo, não respirar para cima dos outros, manter a distância da sua respiração e tapar a boca quando espirra).

Fonte: Deco Proteste e SNS