A medicina desportiva é uma especialidade medica que se ocupa da prevenção, diagnóstico e tratamento de diversas patologias relacionadas com o exercício físico e a pratica desportiva.

Pelas suas características especificas, apresenta um estreita ligação com várias outras especialidades, sobretudo a ortopedia e a fisiatria, tendo um papel fundamental no desenvolvimento dos programas de exercício e desportivos da população.

Esta especialidade tem vindo a assumir um papel primordial na prevenção de doenças cardiovasculares, metabólicas, neoplásicas, psiquiátricas e outras, através da prescrição de exercício físico regular. Há, no entanto, que fazer a distinção entre actividade física e exercício. A primeira diz respeito a toda a actividade muscular ou motora que implique movimento, enquanto que exercício é uma actividade física repetida e, à partida, programada, com um esquema prévio.

Refira-se também que desporto é um tipo de exercício ao qual se adiciona o factor competição. Em todos casos deve haver uma observação médica prévia, independentemente do escalão etário. O exame médico-desportivo tem três objectivos principais:

– Identificar algum tipo de patologia médica que torne o desporto um risco para o atleta
– Identificar patologias e/ou alterações prévias que necessitem reabilitação, ou devam ser corrigidas numa perspectiva de prevenção/tratamento das
lesões
– Orientar o atleta de acordo com o desporto que pratica

Este é um exame que deve ser feito anualmente e, idealmente, cerca de quatro a seis semanas antes do início da actividade desportiva. O exame incide em vários pontos da história clínica pessoal e familiar, exame físico por aparelhos e sistemas e é complementado por um electrocardiograma em repouso e de acordo com a idade e/ou a modalidade desportiva praticada com outros exames auxiliares, nomeadamente ecocardiogramas, raios-X ao toráx e uma prova de esforço.

Para além dos objectivos médicos específicos, o médico deve também abordar com o atleta outras questões, nomeadamente hábitos e estilos de vida, inquirindo-o sobre tabaco, álcool, drogas, comportamentos aditivos, stress, alimentação e/ou horas de sono, entre outros fatores.

Na prevenção de lesões em particular há alguns aspectos a ter em conta durante a consulta, incluindo:

– A idade do atleta
– O nível de treino
– O programa de treino, com especial ênfase no aquecimento (obrigatório durante 15 a 90 minutos antes de cada sessão) e o arrefecimento (alongamento
dos músculos mais utilizados durante 20 a 30 minutos no final)
– A técnica correcta (aperfeiçoamento do gesto e das forças desenvolvidas) e conhecimento das regras do jogo
– O equipamento adequado (vestuário, instrumentos e acessórios)
– O local de treino e clima
– A dieta e os estilos de vida
– As doenças agudas e o perfil psicológico do doente

Percebe-se assim que, muitas vezes, as consultas possam ser morosas e ao contrário de certos mitos instalados junto dos praticantes desportivos, o exame médico-desportivo não tem por objectivo excluir os atletas da competição mas, antes, permitir que eles continuem a ter uma participação segura, seja a um nível federativo, ou puramente recreativo. Isto porque ser desportista é uma opção, mas ser activo é uma obrigação.